quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Carnaval…A festa é de quem?

Olá meus caros. Eu estive pensando que precisava de um tema mais alegre, discontraído, para comentar aqui no blog, porque do jeito que as coisas andam, se eu for falar apenas do que têm deixado meu cabelo em pé nos últimos dias, esse blog ia ter que mudar de nome, e de proposta, antes mesmo de ganhar vida efetivamente. O mundo anda caótico demais e eu não estou tendo muita animação para escrever a respeito de coisas agradáveis, então estava em busca de um tema, quando me deparei com o tema do mês de fevereiro, principalmente para o brasileiro: o Carnaval.

Quanta alegria! As pessoas se fantasiam, se divertem, enchem a cara, enfim, é uma comemoração só. A festa da carne, do sexo. Pôr uma máscara e deixar sua identidade de lado, que hoje em dia, nada mais significa do que trepar com todo mundo. Ficar muito louco, bêbado, sair de si, e voltar a sua vida comum depois de uma péssima manhã de quarta-feira de cinzas, que talvez seja a melhor cor para descrevê-la. Porque é nesse dia que se começa a fazer o balanço do carnaval.

Quer dizer, hora de ficar mais cinza do que a ressaca tinha deixado. Quem você comeu(deu), usou camisinha, ou não lembra? Era a mulher do seu amigo? Bateu o carro? Caiu de bêbado e roubaram a sua carteira? Poderia enumerar quase que infinitas situações possíveis pós carnaval, mas o que mais me intrigou quando decidi falar sobre esse tema foram os preços.

Gostaria de saber o porque o carnaval é chamado de festa popular. Fiquei abismada ao ver quanto custam os ingressos para assistir os desfiles das escolas de samba aqui em São Paulo. Segue um print que fiz direto do site de venda dos ingressos:

Ingresso Carnaval 2012

Note que depois o parenteses “Open Bar/Open Food” foi substituido por  “ ‘Espaço Corporativo e Familiar’(Entretenimento,Alimentação,Comodidade,Segurança e Conforto)” no Site oficial.

Aí eu me pergunto: E essas “taxas de (in)conveniências” absurdas? Como fazer uma festa popular em que o ingresso mais barato custa R$66,00 mais a taxa simbólica de R$34,00, que no total o ingresso mais “barato” sai por R$100,00 para apenas um dia de desfile, sendo que o salário mínimo do brasileiro está na casa dos seisentos e poucos reais, quer dizer, quem brinca nessa festa?

Eu sei que vão me falar coisas como “Ah, mais você paga R$200,00,  R$300,00 para assistir a um show” por exemplo, mas digo-lhes amigos, um show não é denominado “festa popular”, claro que deveria haver mais incentivo a cultura com ingressos mais baratos, mas esse não é o tema hoje. Os desfiles de carnaval são feitos em sua maior parte, por pessoas simples, que amam aquilo tudo, que dedicam suas vidas para que esse evento aconteça. Tanto as pessoas da produção, como costureiras, bordadeiras, o pessoal que pega no pesado mesmo, que controem os carros alegóricos, etc. É claro que eles ganham para isso, mas tenho certeza que não teriam condições de assistir o desfile que eles praticamente fizeram, de camarote. Mesmo as pessoas que desfilam (salvo, é claro os convidados, que têm grana para pagar e provavelmente não pagam, porque são famosos e vão dar ibope para a escola.) são pessoas comuns, que economizam para comprar suas fantasias por um dia de sonhos.

Particularmente eu gosto de assistir os desfiles, acho muito bonito o trabalho das escolas, e também não vou tirar o corpo fora, acho muitos dos sambas-enredo bacanas e tal, mas não é por isso que tenho que concordar com a politicagem envolvida no carnaval. Aliás, na teoria, o carnaval é uma festa muito importante da nossa cultura, e houve um tempo em que as pessoas “brincavam” efetivamente o carnaval. A diversão era sadia e existiam bailes de que tocavam as famosas e divertidas marchinhas, resumindo, o carnaval não era apenas mais uma indústria, assim como outras grandes datas como a páscoa, o natal, etc. Eu gostaria de ter vivido o carnaval de antigamente, de onde, inclusive, sairam belas canções da nossa música, de grandes compositores, como Chico Buarque, Vinícius de Moraes e muitos outros.

Tudo isso é muito bonito, mas a realidade é outra. O carnaval hoje é uma festa que resulta em mortes, acidentes de carros, brigas, gravidez indesejada, além de um buraco na conta bancária de muitos. A economia é sim bem movimentada, mas fico pensando se o custo-benefício vale a pena. Se o turismo que o carnaval gera, compensa se colocarmos na balança com os números da prostituição infantil nessa época do ano. Enfim, são muitos pontos que podemos abordar, mas creio que não há muita coisa a se fazer nesse sentido, além de campanhas melhores de conscientização, e o principal, que é a auto-conscientização. Não vamos nos esquecer o mercado real que é essa festa, e de que a vida do brasileiro não é bem um mar de rosas para que todo mundo “esqueça” do que está acontecendo no nosso país, do nosso governo corrupto, que alimenta esse tipo de festas porque o brasileiro está sempre comemorando, mesmo que seja vítima de enchente, se o salário mal dê para pagar as contas, se a escola que é oferecida para os seus fihos ensina apenas ele ser mais um ignorante, sem raciocínio próprio, sem uma visão política bem formada, se o sistema de saúde pública não funciona e não atende em muitos aspectos a necessidade das pessoas, entre outros fatores, o que nos torna vítimas de uma das políticas mais antigas do humanidade “A política do Pão e do Circo” que desde o coliseu no antigo Império Romano, funciona muito bem para os governantes, e para toda a nossa tão querida elite, que vai se divertir muito no carnaval, que vai assistir o espetáculo do povo, feito pelo povo, de camarote: Afinal, quem pode pagar um ingresso de R$1000,00 por um dia de desfiles? Ah mais eles não vão pagar não, porque a maioria foi convidada, junto com os famosos, para os camarotes das grandes indústrias de cerveja…

Bem, eu não vou entrar no mérito do “faça isso, ou não faça” cada um faz o acredita ser melhor, e eu espero que não seja apenas para si próprio. Então, vista a sua fantasia, ou não, e se for cair na folia, pense um pouco na folia real que os magnatas estão fazendo, onde o bobo da corte é você.

 

Até Breve!

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